sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Uma pausa no que gosto

Escrever sobre algo que não nos interessa é um modo interessante de reanalisar os motivos de repúdio.
A música popular nunca me agradou, e cada dia a repulsa aumenta.
A população tem-se nivelado tão abaixo da capacidade humana, que eu já não acredito que este poço tenha fundo...
Se pensasse na origem da música acho que o "homem médio" idealizaria um ritual tribal com tambores, chocalhos e urros enquanto homens pré-históricos dançam em circulos ao redor de uma grande fogueira.
As pessoas se esquecem da relação estreita entre a poesia e música, sendo o ritmo dado pela música uma técnica para memorização do poema. No mundo antigo, no qual uma obra como a Odisséia ocuparia tábuas de barro suficientes para, sozinha, encher uma estante, a poesia era o meio mais prático para propagar as histórias aos quatro ventos, mas era a música pela qual o poema se entoava que atraia os olhos da multidão e fazia os espectadores entronizarem seus versos...
Logo a música teve um papel fundamental na sociedade humana, a manter viva em nossa memória a lembrança dos feitos dos antigos reis e heróis de outras eras.
Hoje a música é tratada como produto comercial, estando que oferece o produto indiferente aos efeitos sofridos por quem o consome. Aliás, o sentido real do comércio para economia é este: o "lucro real" auferido por um, implica no prejuízo sofrido pela outra parte.
Mas o que isto interessa?
Interessa para mim, pois ao ligar a tv paga vejo a invasão do hip-hop americano, com suas letras escritas por semialfabetizados e que até as imitações japonesas já conseguiram mais criativas.
Passo um ano inteiro para achar no máximo dois shows decentes de se assistir.
E cada vez mais os sons de que realmente gosto e me entretentem se tornam mais distantes da realidade de quem me cerca.

Uma ilha num oceano de mentes vazias

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