Publicado no Jornal Bahia Hoje, Coluna Opinião, p. 02 - 02, 05 dez. 2009
O Índice de Vulnerabilidade da Juventude, divulgado pelo Ministério da Justiça/Unesco, colocou Itabuna como o município mais perigoso do Brasil para o jovem. Independente da metodologia adotada na pesquisa ou da troca de acusações entre os órgãos públicos, este inglório “troféu” apenas confirma o que todos já sabem: os itabunenses estão reféns da criminalidade.
Nos últimos dois meses as intensas operações conjuntas das policias civil e militar já apreenderam mais de duas mil de pedras de crack, e centenas de buchas de maconha. Mais de cinquenta pessoas foram presas em flagrante de crime de tráfico e várias armas foram encontradas em posse dos mesmos. Uma morte a cada dois dias relacionada ao tráfico. Estes dados, somados a utilização de “lan-houses” e associações de “moto-táxi” como pontos de apoio aos criminosos, demonstram como o tráfico se organizou de modo espantoso, distribuindo funções entre os envolvidos e se associando a outros delitos. O roubo de celulares, relógios, jóias e bicicletas se tornou tão comum que as vítimas não se interessam em registrar a ocorrência policial, obrigando as pessoas a não usarem pertences pessoais por vezes adquiridos a muito custo. Os constantes arrombamentos a residências e estabelecimentos comerciais obrigam o dispendioso pagamento de vigilância privada e equipamentos de segurança, tornando locais honestos em “prisões” particulares. Todos estes crimes possuem ligação com o tráfico, do planejamento à receptação dos objetos roubados.
Esta onda de violência deve ser combatida pelas forças policiais, mas em ação conjunta e planejada entre todos os setores públicos, em especial a Prefeitura. Não basta apenas manifestar interesse e preocupação nas reuniões em salas confortáveis e em notas à imprensa, é necessário atacar o problema na sua origem. O Promotor de Justiça Clodoaldo Anunciação está correto ao insistir que o “Pacto contra a violência” é o melhor mecanismo para enfrentar este quadro. E para o “Pacto” funcionar, é necessário planejamento, detalhando o perfil da criminalidade em Itabuna, identificando as dificuldades para a ação policial e mapeando as regiões críticas do município, esclarecendo a responsabilidade de cada setor público e quais os recursos disponíveis para atender a seus deveres no plano de ações. Este óbvio processo resulta em um trabalho seqüencial e organizado que apresenta resultados imediatos.
É notório que as deficiências na iluminação, pavimentação, coleta de lixo, rede de água potável e esgoto, além de dificultar o acesso da polícia, afetam a dignidade do individuo, que vê no crime uma resposta natural a sociedade que denigre sua condição humana.
As pessoas nestas condições assimilam o crime como elemento do seu cotidiano. Surge um “Estado” paralelo, com “leis, tributos e execução de decisões”, alimentado pelo medo e ocupando o espaço da rede pública de saúde e social pela ineficiência destas, com a distribuição de comida, gás de cozinha e medicamentos.
Por fim o elemento mais evidente é que o maior contato da juventude com a violência hoje ocorre dentro das escolas. E não é porque “os professores fingem ensinar e os alunos fingem aprender”. Esta alegação ofende a todos os professores e alunos de Itabuna. O tráfico infiltra-se nas escolas e estimula o início do uso de drogas entre os estudantes, exibindo armas e incitando a violência entre os alunos e com os funcionários. As ações da ronda escolar precisam do suporte do Estado e do Município para intensificarem a presença policial preventiva ao passo em que se investiga e desarticula a rede criminosa dentro das escolas.
É inadmissível que os órgãos públicos municipais permaneçam de braços cruzados diante patamar crítico atingido pela violência em Itabuna, alegando que a segurança pública não é de sua competência. O quadro torna as soluções mais complexas, contudo ainda possíveis, basta planejamento e ações enérgicas. Disso depende a sobrevivência de cada jovem nesta cidade.
O Índice de Vulnerabilidade da Juventude, divulgado pelo Ministério da Justiça/Unesco, colocou Itabuna como o município mais perigoso do Brasil para o jovem. Independente da metodologia adotada na pesquisa ou da troca de acusações entre os órgãos públicos, este inglório “troféu” apenas confirma o que todos já sabem: os itabunenses estão reféns da criminalidade.
Nos últimos dois meses as intensas operações conjuntas das policias civil e militar já apreenderam mais de duas mil de pedras de crack, e centenas de buchas de maconha. Mais de cinquenta pessoas foram presas em flagrante de crime de tráfico e várias armas foram encontradas em posse dos mesmos. Uma morte a cada dois dias relacionada ao tráfico. Estes dados, somados a utilização de “lan-houses” e associações de “moto-táxi” como pontos de apoio aos criminosos, demonstram como o tráfico se organizou de modo espantoso, distribuindo funções entre os envolvidos e se associando a outros delitos. O roubo de celulares, relógios, jóias e bicicletas se tornou tão comum que as vítimas não se interessam em registrar a ocorrência policial, obrigando as pessoas a não usarem pertences pessoais por vezes adquiridos a muito custo. Os constantes arrombamentos a residências e estabelecimentos comerciais obrigam o dispendioso pagamento de vigilância privada e equipamentos de segurança, tornando locais honestos em “prisões” particulares. Todos estes crimes possuem ligação com o tráfico, do planejamento à receptação dos objetos roubados.
Esta onda de violência deve ser combatida pelas forças policiais, mas em ação conjunta e planejada entre todos os setores públicos, em especial a Prefeitura. Não basta apenas manifestar interesse e preocupação nas reuniões em salas confortáveis e em notas à imprensa, é necessário atacar o problema na sua origem. O Promotor de Justiça Clodoaldo Anunciação está correto ao insistir que o “Pacto contra a violência” é o melhor mecanismo para enfrentar este quadro. E para o “Pacto” funcionar, é necessário planejamento, detalhando o perfil da criminalidade em Itabuna, identificando as dificuldades para a ação policial e mapeando as regiões críticas do município, esclarecendo a responsabilidade de cada setor público e quais os recursos disponíveis para atender a seus deveres no plano de ações. Este óbvio processo resulta em um trabalho seqüencial e organizado que apresenta resultados imediatos.
É notório que as deficiências na iluminação, pavimentação, coleta de lixo, rede de água potável e esgoto, além de dificultar o acesso da polícia, afetam a dignidade do individuo, que vê no crime uma resposta natural a sociedade que denigre sua condição humana.
As pessoas nestas condições assimilam o crime como elemento do seu cotidiano. Surge um “Estado” paralelo, com “leis, tributos e execução de decisões”, alimentado pelo medo e ocupando o espaço da rede pública de saúde e social pela ineficiência destas, com a distribuição de comida, gás de cozinha e medicamentos.
Por fim o elemento mais evidente é que o maior contato da juventude com a violência hoje ocorre dentro das escolas. E não é porque “os professores fingem ensinar e os alunos fingem aprender”. Esta alegação ofende a todos os professores e alunos de Itabuna. O tráfico infiltra-se nas escolas e estimula o início do uso de drogas entre os estudantes, exibindo armas e incitando a violência entre os alunos e com os funcionários. As ações da ronda escolar precisam do suporte do Estado e do Município para intensificarem a presença policial preventiva ao passo em que se investiga e desarticula a rede criminosa dentro das escolas.
É inadmissível que os órgãos públicos municipais permaneçam de braços cruzados diante patamar crítico atingido pela violência em Itabuna, alegando que a segurança pública não é de sua competência. O quadro torna as soluções mais complexas, contudo ainda possíveis, basta planejamento e ações enérgicas. Disso depende a sobrevivência de cada jovem nesta cidade.
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